Colapso da represa intensifica guerra entre Ucrânia e Rússia

A destruição parcial da barragem causa uma crise ambiental e humanitária, expondo ainda mais a tensão entre os dois países.

À medida que Ucrânia e Rússia atribuem mutuamente a culpa pelo colapso da represa de Nova Kakhovka, milhares de pessoas estão fugindo, sendo evacuadas ou buscando refúgio nos telhados de suas casas. Esta é mais uma catástrofe que ocorre em meio ao conflito bélico que perdura há 469 dias.

Este desastre ambiental eleva o conflito a uma fase perigosa e desconhecida para ambos os países. No lado ucraniano, a destruição parcial da barragem e os danos causados pela inundação são mais evidentes. Pelo menos 150 toneladas de óleo vazaram no Rio Dnipro, que irriga a agricultura do sul do país.

A usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, localizada a 120 km da represa, também está sob ameaça. Além disso, a elevação do nível de água na região sul pode dificultar o acesso à Crimeia, proporcionando à Rússia mais tempo para fortalecer sua defesa.

A barragem está sob controle russo desde o início da invasão da Ucrânia, há 15 meses, e é essencial para o fornecimento de água potável para a península da Crimeia, anexada pela Rússia. Especialistas acreditam que o abastecimento na região será afetado por vários anos.

As circunstâncias do rompimento da represa ainda são incertas, embora Moscou insista que foi obra de sabotadores ucranianos, enquanto Kiev acusa terroristas russos. O duelo de acusações realça o potencial do desastre ambiental para ambos os lados.

O colapso da Nova Kakhovka ocorre justamente quando a Ucrânia planeja lançar uma contraofensiva contra a Rússia, com o objetivo de recuperar o território perdido.

Uma tragédia civil de grande porte como essa exigiria esforços e recursos consideráveis para socorrer as vítimas, o que poderia atrasar a tão planejada reação ucraniana.