A curiosa prática medieval dos “whipping boys”, crianças que recebiam punições em lugar de príncipes, e o que isso nos diz sobre a monarquia.
Acredita-se que a origem do conceito do direito divino dos reis remonta ao governante mesopotâmico Naram-Sin de Akkad (2218-2255 a.C.), que foi o primeiro a se autodeclarar divino.
Esta crença se estendeu pela Europa medieval e estava fortemente presente nas monarquias, especialmente na Inglaterra. Os reis eram considerados escolhidos por Deus, e suas ações não podiam ser contestadas nem seus corpos tocados.
Como resultado, príncipes não podiam ser punidos fisicamente por seus tutores, levando à criação da figura do “whipping boy”. Esses garotos eram responsáveis por receber a punição física destinada aos futuros monarcas quando se comportavam mal.
Os “whipping boys” geralmente pertenciam à nobreza menor, mas em alguns casos eram meninos de rua ou escravos. Eles recebiam uma educação de alto nível e compartilhavam privilégios reais, tornando-se companheiros íntimos dos príncipes.
A ideia por trás dessa prática era que o príncipe, ao ver alguém próximo a ele sofrendo, desenvolveria compaixão, piedade e moralidade.
No entanto, essa estratégia nem sempre funcionava, dependendo da natureza e disposição do príncipe.
No caso do jovem Luís XV da França, seu “whipping boy” era filho de um sapateiro, e o futuro rei negligenciava seus estudos, fazendo com que o menino sofresse nas mãos dos tutores sem obter nenhum benefício daquela vida a que não pertencia.
Embora a existência dos “whipping boys” ainda seja debatida entre os historiadores, essa prática curiosa oferece uma visão intrigante das relações de poder e hierarquia na época das monarquias europeias.